11 de outubro de 2013

The Big Heat (Esquadrão de Elite/1988)

bigheat Waise Lee (esq.) e Philip Kwok (dir.)

O policial Wong Wai Pong sofre danos no nervo da mão direita, que o impede de atirar em momentos cruciais. O inspetor está prestes a assinar sua carta de demissão e dedicar mais tempo a sua noiva Maggie. Porém quando ele descobre que seu amigo e parceiro foi morto na Malásia, Wong não descansará enquanto não encontrar o responsável.

A produção extremamente conturbada acabou afetando a qualidade do filme. Andrew Kam era o diretor principal de The Big Heat, porém Tsui Hark considerou o trabalho dele insatisfatório. O produtor trouxe Johnnie To para consertar o filme, porém o último também abandonou a barca, ou foi chutado dela. Por fim Tsui Hark terminou o filme por conta própria refilmando diversas cenas. Por conta disso o filme é insípido, inexpressivo e banal.

A primeira metade do filme é chato, com os diretores falhando em desenvolver os personagens em cima do drama do Inspetor Wong. The Big Heat jamais consegue ser emocionalmente engajante, por mais que tente emular A Better Tomorrow. Culpa disso é do ator escalado para o papel principal. Waise Lee como Inspetor Wong é completamente apático. Philip Kwok como ator é medíocre, já como diretor de ação mostra mais talento. Inclusive em seu currículo é creditado como um dos diretores de ação do filme “007: O Amanhã Nunca Morre”.

O filme parece engrenar na segunda metade, porém inexplicavelmente tem um ritmo arrastado mesmo com mais cenas de ação. O destaque fica para a cena de tiroteio no hospital que remete a Hard Boiled. O final deveria ser uma carnificina, mas é esquecível. O que salva a produção são esses momentos de ação ultraviolentas, pendendo para o grotesco de tão exageradas. Pena que são poucas.

Hong Kong feelings: 2,5/5

Título Original: 城市特警 (Seng fat dak ging)

Diretor: Johnnie To Kei-Fung e Andrew Kam Yeung-Wah

Elenco: Waise Lee Chi-Hung, Joey Wong Cho-Yin, Philip Kwok Chun-Fung, Matthew Wong Hin-Mung, Paul Chu Kong,Michael Chow Man-Kin

8 de outubro de 2013

Punished (Hora da Vingança/2011)

punished Chor (esq.) e Chiu (dir.) tentam encontrar Daisy a qualquer custo

Wong Ho-Chiu é um magnata de Hong Kong que tem uma relação conturbada com sua filha, uma usuária de drogas. Eventualmente ela é sequestrada, porém o pai suspeita que a filha armou o próprio sequestro para conseguir dinheiro para financiar o seu vício. Com a ajuda do leal guarda-costa Chor, Wong tentará descobrir os responsáveis pelo sequestro.

Punished chama a atenção por ser produzido pela Milkaway, produtora do lendário diretor Johnnie To, e pela presença do genial Anthony Wong no papel principal. Porém, mesmo com pessoas renomadas envolvidas no filme, Punished falha em todos os aspectos.

A começar pela história. Mais genérico do que isso impossível. Para contornar essa limitação era de se esperar personagens interessantes e uma narrativa no melhor estilo de PTU. Porém temos personagens problemáticos e uma narrativa desinteressante. Wong Ho-Chiu (Anthony Wong) é o pai ausente que se preocupa mais com os negócios que com o vício da filha Daisy (Janice Man). Já ela é tão mimada e irremediável que é difícil simpatizar com a personagem.

O que poderia salvar o filme é a relação de lealdade que o guarda-costa Chor (Richie Ren) tem com o seu patrão Chiu. Porém não há nada de especial nas interpretações de Anthony Wong e Richie Ren. Para finalizar a galeria de péssimos personagens temos o vilão Law (Lam Li) cujas ações são tão desprovidas de humanidade por simples necessidade do roteiro de ter alguém mais detestável que Daisy, tornando-a mais simpática ao público.

Em seu quinto filme como diretor principal, Law Wing se mostra um diretor medíocre. Um dos maiores problemas do filme é a falta do estilo cinematográfico que marca as produções da Milkaway. Law Wing abusa dos flashbacks que pouco ajudam no desenvolvimento da trama e só piora o ritmo já arrastado do filme. Qualquer tentativa de criar suspense acaba falhando, seja pela desconexa narrativa seja pela trama simplória. Com um roteiro tão fraco, o diretor acaba apelando para o melodrama na segunda metade do filme.

Apesar de toda a grife, Punished é genérico parecendo mais uma produção estadunidense direto para o mercado de DVD. Todo o suspense da trama se esvazia com o abuso dos flashbacks. Apesar da tentativa de explorar com maior profundidade a relação conflituosa entre pai e filha, o filme fracassa ao transformar em um banal melodrama. Punished é certamente um dos filmes mais fracos já produzidos pela Milkaway.

Hong Kong feelings: 1,5/5

Título original: 報應 (Bou Ying)

Diretor: Law Wing-Cheong

Elenco: Anthony Wong Chau-Sang, Richie Ren, Maggie Cheung Ho-Yee, Janice Man, Lam Li,Candy Lo Hau-Yam, Jun Kung, Charlie Cho Cha-Lei, Elena Kong Mei-Yi, Samuel Leung Cheuk-Moon

5 de outubro de 2013

Running on Karma (O Ciclo do Carma/2003)

runningonkarma Biggie (Andy Lau) e Yee (Cecilia Cheung) unidos pelo carma.

A primeira vista Running on Karma é mais uma comédia romântica de Johnnie To feita para as massas. Nas próprias palavras do diretor, filmes comerciais como Loving on Diet e Needing You são necessários para financiar projetos pessoais como The Mission e Sparrow. O par principal é estrelado pelos astros Andy Lau e Cecília Cheung. Porém a adição de Wai Ka-Fai como codiretor torna o filme uma grata surpresa que subverte completamente as expectativas.

Andy Lau é Biggie, um go go boy que faz a alegria da mulherada com seu corpo de fisiculturista. Em uma batida policial, ele acaba conhecendo a policial novata Yee interpretada pela Cecilia Cheung. Biggie sabe que uma morte terrível aguarda Yee, pois ele tem o dom de ver o carma de qualquer ser vivo. A história fica ainda mais estranha quando sabemos que antes Biggie era um monge budista, mas que abandona o seu mosteiro depois de um trágico incidente.

Os dois acabam se aproximando, e Biggie passa a questionar se é justo uma pessoa tão bondosa e inocente quanto Yee merecer um destino tão terrível por conta das atrocidades cometidas pela sua vida egressa. Contra os princípios budistas ele tenta ajudá-la a pegar um impiedoso assassino na esperança de que seja possível reverter o carma.

A trama se desenvolve entrelaçada a uma enorme mistura de gêneros. Do suspense sobre o passado de Biggie e o futuro de Yee aos elementos de ação e comédia, Running on Karma é soberbo em todos os gêneros que transita. As cenas de ação remetem aos filmes de kung fu de época fantásticos, onde Biggie escala paredes e dá saltos sobrehumanos em uma cidade moderna ao invés de uma vila medieval. O resultado é extremamente cartunesco, mas que graças a excelente coreografia fica longe de ser ridículo.

Até o final do segundo ato, temos um filme extremamente divertido e inteligente que mescla perfeitamente cenas humoradas e de ação com uma trama sobre redenção. Porém o grande trunfo do filme é que uma vez engajados emocionalmente com os dois personagens principais, no terceiro ato o filme se torna sombrio e se revela, na verdade, como um profundo drama moralista sobre autoconhecimento. Porém a falta de conhecimento prévio sobre a filosofia budista pode acabar gerando confusão nesse ponto. O carma é um dos conceitos budistas mais complicados de compreender com diversas definições e interpretações. Mas o roteiro de Wai Ka-Fai oferece uma excelente explicação que se infunde perfeitamente a narrativa.

Running on Karma é uma peculiar mistura de gêneros que desobedece quase todas as regras relacionadas a como fazer um filme pipoca, e ainda sim sucede de forma espetacular. As atuações de Andy Lau e Cecilia Cheung são excelentes. O primeiro consegue retratar muito bem o cara que tenta fazer a coisa certa mas incapaz de compreender o que é o certo. Já Cecilia Leung transmite uma doçura e inocência que nenhuma outra atriz de Hong Kong é capaz. A narrativa fluída de Johnnie To e o rico roteiro de Wai Ka-Fai, fazem do filme o melhor da parceria desses dois gênios do cinema de Hong Kong.

Hong Kong feelings: 5/5

Título original: 大隻佬 (Daai zek lou)

Diretores: Johnnie To Kei-Fung e Wai Ka-Fai

Elenco: Andy Lau Tak-Wah, Cecilia Cheung Pak-Chi, Eddie Cheung Siu-Fai, Karen Tong Bo-Yu, Chun Wong, Yuen Bun.

4 de outubro de 2013

Men Sunddenly in Black (Maridos Infiéis/2003)

msib Eric Tsang (no sofá) é o líder da tríade ou do grupo dos maridos infiéis.

Quando suas esposas vão para a Tailândia em uma viagem de um dia, um grupo de amigos resolvem aproveitar o momento para pular a cerca. A missão é cuidadosamente preparada para que as cônjuges jamais descubram. Devidamente municiados de camisinhas, o grupo usa um carro camuflado de taxi para não levantar suspeita alguma. Porém o meticuloso plano cai água abaixo quando eles descobrem que suas esposas estão em seu encalço.

Tin (Eric Tsang), Cheung (Jordan Chan), Chao (Chapman To) and Paul (Spirit Blue) são movidos por diferentes motivações. Tin busca honrar um camarada que se sacrificou para que ele pudessem usufruir desse momento, enquanto Paul busca perder a virgindade. O que os une são os fortes laços de camaradagem, algo típico de filme de outro gênero. Substituindo os maridos por membros da tríade e as mulheres por policiais, temos um filme que funciona exatamente como um drama sobre policiais e tríades. Claro que as situações transformam o filme em uma deliciosa comédia.

Do outro lado temos as respectivas esposas Carrie (Teresa Mo), Anna (Candy Lo), Ching (Masha Yuen) and Luk (Tiffany Lee) sedentas por justiça. Munidas de câmeras, elas tentam a qualquer custo, inclusive o casamento, pegar no flagra os maridos infiéis. O jogo de gato e rato atingem proporções simplesmente épicas.

No meio de tudo isso ainda temos uma participação especial hilária de Tony Leung Ka-Fai como Uncle Ninth. Ele interpreta um prisioneiro de guerra nessa sangrenta batalha para pular a cerca. Igualmente hilário é a participação de Sandra Ng como a esposa que busca usar de todos artifícios para que Uncle Ninth entregue o nome dos amigos que participaram de uma noitada regada a álcool e várias acompanhantes.

O filme contém algumas das paródias mais criativas e divertidas já boladas. As referências mais óbvias são Infernal Affairs e os filmes de John Woo. A cena dos paparazzi perseguindo os maridos infiéis é um dos mais criativos tiroteios já bolados, com o som dos flashes sendo substituídos por som de balas em meio a tomadas de câmeras em slow motion. Igualmente hilária são os momentos que Eric Tsang parodia o seu próprio personagem de Infernal Affrais.

Men Suddenly in Black é uma comédia bem criativa e engraçada. A narrativa do filme é bastante inteligente, oferecendo uma generosa dose de humor negro. Talvez o único problema do filme seja o seu final. Este acaba sendo frustrante, pois a sensação é de que o diretor tentou ludibriar o expectador de forma totalmente desnecessária. Ainda sim o filme é genial na comédia e na paródia.

Hong Kong feelings: 4,5/5

Título original: 大丈夫 (Daai Cheung Foo)

Diretor: Pang Ho-Cheung

Elenco: Eric Tsang Chi-Wai, Jordan Chan Siu-Chun, Chapman To Man-Chat, Teresa Mo Sun-Kwan, Candy Lo Hau-Yam, Marsha Yuan Ji-Wai, Tiffany Lee Lung-Yi, Spirit Blue (Jia Zongchao), Maria Cordero, Tony Leung Ka-Fai, Sandra Ng Kwun-Yu, Teresa Mak Ka-Kei, Stephanie Che Yuen-Yuen, Nat Chan Bak-Cheung, Lam Suet, Jim Chim Sui-Man,Annabelle Lau Hiu-Tung, Chin Kar-Lok, Ellen Chan Ar-Lun, Carlo Ng Ka-Lok, Timmy Hung Tin-Ming, Belinda Hamnett, Kitty Chu Kit-Yi, Eric Kot Man-Fai, Cheung Tat-Ming, Ken Wong Hap-Hei, Iris Wong Yat-Tung, Jackie Lui Chung-Yin, Coco Chiang Yi,Sammo Hung Kam-Bo, Alan Tam Wing-Lun, Gia Lin, Osman Hung Chi-Kit, Otto Wong,Eddie Peng Wai-On, Eric Tse